sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Artigo 02 - Eu não sou Parasita:

Vou contar-lhes um pouco da minha história. Sou professora da Rede Pública de Ensino Paulista, mulher, negra, solteira, sem filhos.

A vida não foi fácil para mim, não. Eu comecei a trabalhar aos 13 anos para ajudar em casa. Eu fiz de tudo: fui atendente de lanchonete, atendente de telemarketing, recepcionista, telefonista, etc.

Estudei ora em escola pública, ora em privada, quando dava para pagar os meus estudos. Isso foi até o Ensino Médio.

Quando, terminei os estudos básicos. Para entrar na faculdade foi outra luta.

Nessa época, as portas se fecharam para mim. Fiquei desempregada. Todos foram embora. Me abandonaram. Fiquei à própria sorte. Nem a minha família aceitava o fato de eu não trabalhar nem estudar. Isso doeu muito em mim, pois foi aí que eu, realmente, aprendi quem e como são as pessoas.

Quando você está no auge do sucesso, todos o (a) abraçam, admiram, elogiam, lhe bajulam, enfim.

Mas, quando vem a crise, as pessoas somem, lhe criticam, lhe julgam, lhe ignoram. Isso doeu muito em mim porque eu só tinha 17 anos na época e as comparações com os jovens de sucesso eram inevitáveis.

Aí, com muito sacrifício e solidão, eu estudei Letras na FFLCH USP, depois de prestar três vezes, a FUVEST com todo aquele "apoio" e boa "estrutura" que eu tive no passado.

Me formei, fiz concurso público na Educação e hoje, leciono Inglês e Português nas escolas públicas de São Paulo. Por isso, sou funcionária pública com muito orgulho.

Como vocês podem ver, acho que de parasita, eu não tenho nada, não é mesmo?



Até o próximo artigo. Aguardem.

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